Setor está ganhando a batalha ao investir em equipamentos e tecnologia
de segurança. Agora, é o trabalhador quem precisa fazer a sua parte
O emprego da tecnologia na criação de máquinas mais seguras e novos equipamentos
de proteção, tanto individuais quanto coletivos, além de programas de segurança
com a participação de órgãos de governo, empregadores e empregados, criou um
novo ambiente de trabalho na construção civil. Hoje o setor, segundo dados de
2008 dos ministérios da Previdência Social e do Trabalho e Emprego, é o 7.º no
ranking de acidentes de trabalho entre as atividades econômicas.
Esta posição, acredita o engenheiro José Luiz Souza, presidente da
Associação Paranaense dos Engenheiros de Segurança (APES), pode despencar ainda
mais se as recentes iniciativas conseguirem atingir seu objetivo central, que é
alterar a cultura do setor. “Antes, reclamava-se da falta de equipamentos de
segurança; hoje, a meta é conscientizar os trabalhadores a utilizarem os
equipamentos”, explica.
Outro fator que contribuiu para o decréscimo de acidentes foi a evolução
da legislação. Para o ano que vem, a APES entende que virá o golpe fatal nos
acidentes de trabalho dentro da construção civil. Entrará em vigor o novo
seguro para acidentes de trabalho. Ele vai variar de 0,5% a 6% da folha de
pagamento e vai pesar no bolso das empresas que não investirem em segurança.
“Imagine, 6% da folha de pagamento de uma grande empresa é dinheiro suficiente
para investir bastante em segurança do trabalho”, avalia José Luiz Souza.
Mas se a lei é moderna, e coloca o Brasil entre os países com uma das
regulamentações mais consistentes do mundo, a fiscalização ainda é falha. As
delegacias regionais do trabalho não têm gente suficiente para poder autuar. A
solução reside em parcerias. No Paraná, um convênio entre o Crea (Conselho
Regional de Engenharia e Arquitetura), a Delegacia Regional do Trabalho e o
Corpo de Bombeiros reforçou a fiscalização em torno de 30%.
Dados coletados entre os Sinduscon de cada estado revelam que no
universo do setor da construção civil brasileira 92% das empresas são de micro
e pequeno porte, com média de 30 empregados. Os acidentes mais comuns são
quedas de andaime, choque elétrico, soterramento e o trabalhador ser atingido
por algum objeto. Especificamente, entre as pequenas empresas instaladas no
Paraná, a APES trabalha para que elas apliquem as normas OHSAS 18000, relativas
à saúde e segurança do trabalho. “Depois de nossas ações, sentimos uma adesão
maior às normas”, diz o presidente da Associação Paranaense dos Engenheiros de
Segurança.
Redução da informalidade, insistência nos cursos de treinamento e
modernização dos equipamentos de segurança são algumas das mudanças que se
percebe na construção civil. “O foco está na prevenção”, alerta José Luiz
Souza. Por isso, para um canteiro de obras ser declarado seguro, ele precisa
ter o seguinte kit básico para os operários: óculos e cinto de segurança,
protetor auricular, luvas, uniforme, capacete e botas. É o conhecido EPI
(Equipamento de Proteção individual). Com esses itens, e a cultura de que eles
precisam ser utilizados, o risco de acidentes cai para menos de 70%, apontam as
estatísticas.
Texto complementar
Você sabia?
* Boa parte dos acidentes de trabalho ocorre antes do horário do almoço.
Estudos revelam que operários que iniciam o turno sem se alimentar têm crises
de hipoglicemia (baixa taxa de açúcar no sangue) e acabam vítimas de tonturas e
até desmaios por volta do meio-dia, principalmente se trabalhando em dias quentes.
* Uma obra segura é aquela que tem alvará de construção emitido pela
prefeitura local, foi fiscalizada e liberada pela Delegacia Regional do
Trabalho e pelo Crea, tem responsável técnico permanentemente no local e
municia o canteiro da obras com equipamentos aprovados pelas normas de
segurança.
* As atividades econômicas com mais ocorrências de acidentes de trabalho
são, pela ordem, segundo anuário do ministério da Previdência Social e do
Ministério do Trabalho e Emprego:
1.º) Indústria de Transformação
2.º) Transporte, Armazenagem e Comunicação
3.º) Comércio, Reparação de Veículos Automotores
4.º) Objetos Pessoais e Domésticos
5.º) Agricultura, Pecuária, Silvicultura e Exploração Florestal
6.º) Atividades Imobiliárias, Aluguéis e Serviços Prestados às Empresas
7.º) Construção Civil
2.º) Transporte, Armazenagem e Comunicação
3.º) Comércio, Reparação de Veículos Automotores
4.º) Objetos Pessoais e Domésticos
5.º) Agricultura, Pecuária, Silvicultura e Exploração Florestal
6.º) Atividades Imobiliárias, Aluguéis e Serviços Prestados às Empresas
7.º) Construção Civil
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