Você costuma chegar do trabalho resmungando com muita
frequência? Encara o emprego como um martírio ou uma humilhação? Ou, ao
contrário, demonstra que sua carreira é a coisa mais importante da sua vida?
Saiba que comportamentos desse tipo podem afetar a forma como os seus filhos
enxergarão a vida profissional futuramente. "Os pais são modelos para os
filhos. Se eles chegam todos os dias contando situações horríveis, as crianças
não vão querer ter o mesmo futuro", afirma a psicóloga Marina Vasconcellos,
especialista em psicodrama e terapia familiar. Como consequência disso, além de
fugir da mesma carreira que a sua, seus filhos podem encarar o trabalho como um
sacrifício mesmo antes de entrar para o mercado de trabalho. Por outro lado,
passar uma imagem extremamente positiva da profissão aos filhos, e estimulá-los
a se aproximar do seu mundo profissional, pode fazer com que eles sigam seus
passos sem refletir sobre seus verdadeiros desejos. "É um perigo, pois
pode não ser o que eles querem fazer, embora sintam que pertençam a esse
universo", afirma Marina. Resistência à frustração Família que passa a
ideia de que o trabalho deve ser uma fonte completa de felicidade pode gerar um
filho adulto com maiores chances de se frustrar profissionalmente, segundo a
psicóloga e psicanalista Blenda de Oliveira, membro da SBPSP (Sociedade
Brasileira de Psicanálise de São Paulo). "O trabalho nem sempre precisa
ser sinônimo de felicidade. Às vezes, leva um tempo para encontrar aquilo que
nos satisfaz", diz Blenda. Para ela, a profissão não precisa ser
necessariamente o que mais se ama, mas, sim, o que se faz de melhor.
"Quando o trabalho não é tão idealizado, a relação é mais saudável e mais
produtiva", diz. Quem idealiza uma vida profissional cheia de sucesso e reconhecimento
desde a infância pode se tornar um jovem que desiste diante do primeiro
obstáculo ou quando é contrariado. "Essa situação é mais frequente em
famílias que não precisam do trabalho para sobreviver e, por isso, os filhos
não entendem que o estresse faz parte do trabalho. Eles acham que têm de
começar com um bom cargo, ganhando bem, ou não vale a pena sair de casa",
diz Blenda. Para a psicóloga especialista em psicodrama Cecília
Zylberstajn, compreender que nenhum trabalho é perfeito evita
problemas. "Os jovens [da geração Y] foram educados na era da autoestima:
são vistos como muito especiais, mas foram crianças mimadas que viraram adultos
que não sabem lidar com a frustração", afirma. "A escola e os pais
mimam, e o mercado de trabalho é o primeiro contato que eles terão com limites
e decepções", diz Cecília. Para criar filhos que sejam bons profissionais
no futuro, é preciso ensiná-los a lidar com a frustração desde a infância,
quando ainda estão na escola. "Mostre que é natural ter professores que
não são legais ou que as notas nem sempre serão as imaginadas", afirma
Blenda. E, quando eles entrarem no mercado de trabalho, é importante que sejam
orientados a não desistir diante das adversidades. "Resistência à
frustração não se aprende na escola, mas em casa. Tem a ver com os
valores e a formação dos pais", diz a psicóloga e consultora
organizacional Izabel Failde. Modelos de relacionamento O padrão de
relacionamento que a criança estabelece com os pais afeta o modo como ela irá
encarar as relações de trabalho no futuro, segundo Cecília. Por isso é
fundamental que eles não sejam expostos a uma educação extremamente
autoritária. "A família é o berço de todas as relações. Muitas vezes os
problemas que vemos no trabalho podem ser decorrentes das dinâmicas familiares",
diz. Como o pai costuma a ser a primeira figura de autoridade que conhecemos,
se ele for muito rígido, o filho poderá ter problemas de relacionamento com o
chefe no futuro, por exemplo. "Aquele menino indefeso pode continuar assim
na fase adulta", afirma Cecília. Também é possível que, depois de anos
obedecendo às ordens de um pai controlador, a criança se torne um adulto com
raiva da figura que exerce poder e, por isso, tenha dificuldade de aceitar
ordens no ambiente profissional.
Fonte internet Noticias.bol.uol.com.br/entretenimento/2012/11/06
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