O endividamento é
normalmente encarado como o vilão do orçamento das famílias, mas nem sempre o
quadro é tão negativo. Algumas dívidas podem representar ganho futuro para o
consumidor, compensando o gasto que ele teve com os juros. A compra à vista,
claro, deve ser sempre a opção número um. Quando não for possível esperar para
comprar um bem, é preciso analisar se vale a pena mesmo entrar num
financiamento. Alguns representam perdas menores do que outros. As
"dívidas do bem", diz o vice-presidente da Associação Nacional dos
Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel de
Oliveira, são aquelas que aumentam o patrimônio do tomador. Ele cita o caso da
compra de um imóvel: o consumidor paga caro pelo financiamento, mas, em
compensação, a casa ou apartamento tendem a se valorizar ao longo dos anos.
Além disso, quem consegue substituir o aluguel pela prestação de um
financiamento geralmente faz um bom negócio, ainda que esteja entrando numa
dívida. Outra dívida citada pelos especialistas como positiva é aquela
destinada à educação própria ou à dos filhos. "Claro que isso sempre vai
depender do curso que a pessoa vai fazer. Mas, se for algo que dará retorno
financeiro no futuro e fará o salário aumentar, pode ser uma dívida boa",
exemplifica Luiz Calado, vice-presidente do Instituto Brasileiros dos
Executivos de Finanças (Ibef). Tomar empréstimo para investir em um negócio
próprio é outra dívida "do bem", diz Ricardo Mollo, professor de
finanças do Insper. Nesse caso, o resultado pode ser um aumento de vendas e do
rendimento do consumidor. Dívidas "do mal" são também as mais caras
Na outra ponta, as dívidas "do mal" são facilmente reconhecidas pelo
consumidor. Miguel de Oliveira, da Anefac, resume: elas são caras e, quando
deixam de existir, não representam ganhos para tomador. Ele cita os exemplos do
rotativo do cartão de crédito (juros médios de 9,37% ao mês, ou 192,94% ao ano,
segundo a Anefac) e do cheque especial (7,77% ao mês e 145,46% ao ano). A
compra de uma casa na praia ou no campo que é pouco usada durante o ano é outro
compromisso ruim. "Nesse caso, o patrimônio até aumenta, mas é preciso
arcar com custos de manutenção e condomínio que podem não compensar a
dívida", diz Oliveira. Endividar-se para comprar um carro, ainda que seja
a opção de grande parte dos consumidores, dificilmente é um bom negócio. Assim
que sai da concessionária, o carro perde 20% do valor. Na hora da revenda, o
preço cai ainda mais. "Além disso, o consumidor terá gastos com
manutenção, licenciamento, combustível e estacionamento. Muita gente não considera
esses gastos, não consegue pagar o financiamento e tem o carro retomado",
diz Miguel de Oliveira.
COMPROMETER TODA A RENDA COM DÍVIDAS - É natural que quem tem dívidas queira sair delas o quanto antes. Mas a planejadora financeira Rosário Pujado alerta: quem compromete uma parte muito grande da renda com as parcelas dificilmente consegue pagá-las. O ideal, diz ela, é que as dívidas (todas elas, incluindo prestação da casa própria) correspondam a no máximo 30% do salário líquido do consumidor.
COMPROMETER TODA A RENDA COM DÍVIDAS - É natural que quem tem dívidas queira sair delas o quanto antes. Mas a planejadora financeira Rosário Pujado alerta: quem compromete uma parte muito grande da renda com as parcelas dificilmente consegue pagá-las. O ideal, diz ela, é que as dívidas (todas elas, incluindo prestação da casa própria) correspondam a no máximo 30% do salário líquido do consumidor.
NÃO PRESTAR
ATENÇÃO NO PRAZO - Uma boa forma de negociar é pedir que a loja ou o banco
reduza os juros cobrados na dívida. Olhar só os juros ou o valor da parcela,
porém, não basta. "É melhor uma dívida de um dia com 100% de juros do que
uma dívida de um ano com 95% de juros", exemplifica o economista Samy
Dana. Ou seja: mesmo que a taxa seja mais baixa, a dívida será muito cara se o
prazo de pagamento for longo demais.
IGNORAR
CUSTOS NÃO EXPLÍCITOS - Os juros não são o único gasto que um endividado tem.
Estão embutidos em um financiamento outros gastos, como impostos, seguros e
tarifas, que muitas vezes não são claramente informados. É obrigação da loja ou
do banco deixar claro o custo efetivo total do financiamento, que inclui tudo
isso e mostra com maior precisão o gasto que o consumidor terá para quitar
aquela dívida.
CONTRATAR
PRODUTO PARA TER DESCONTO - Muitas vezes, ao pedir um empréstimo para o banco
ou renegociar uma dívida, o consumidor é informado de que pode ter acesso a uma
taxa de juros mais baixa se contratar um seguro, um título de capitalização ou
um cartão de crédito. Essa prática é proibida. Além disso, diz o economista
Samy Dana, pagar por um produto adicional pode fazer o desconto na taxa cair
por terra.
FAZER
NOVA COMPRA A PRAZO - Se o consumidor está inadimplente e renegocia a dívida,
seu nome deve ser retirado dos cadastros de proteção ao crédito. Isso não
significa que ele deve se sentir livre para assumir novas prestações. "É
necessário honrar o acordo e reservar dinheiro para as prestações. Sair das
dívidas é também um sonho, e é preciso priorizá-lo", diz o educador
financeiro Reinaldo Domingos.
NÃO
ESTABELECER PRIORIDADES - Quem tem várias dívidas ao mesmo tempo precisa
estabelecer prioridades de pagamento, até porque nem sempre será possível
quitar todas elas de uma só vez. O educador financeiro Reinaldo Domingos sugere
que financiamentos do carro e da casa sejam priorizados. Isso porque, nesses
casos, os bens são dados como garantia, e falta de pagamento pode fazer o
consumidor perdê-los para o banco.
NÃO
REESTRUTURAR O ORÇAMENTO - A primeira coisa que uma pessoa endividada deve
fazer é procurar o credor para renegociar o débito. Mas de nada adianta firmar
um acordo se o orçamento não for revisto. "Antes de sair pagando a dívida,
é necessário fazer um diagnóstico financeiro", aconselha o educador
financeiro Reinaldo Domingos. É preciso conversar com a família e cortar
gastos, para evitar cair em novas dívidas no futuro.
OPTAR POR
SOLUÇÕES MILAGROSAS - As instituições financeiras oferecem vários produtos para
quem está endividado. Entre as novidades, estão título de capitalização que
sorteia dinheiro para quitação de dívidas e empréstimo que permite ao
consumidor "pular" uma parcela. Acreditar na sorte ou adiar o
pagamento, porém, não é a melhor forma de encarar o problema, diz a planejadora
financeira Rosário Pujado.
Fonte Internet noticias.bol.uol.com.br/economia/2013/02/22
Fonte Internet noticias.bol.uol.com.br/economia/2013/02/22