Mau hálito é um daqueles assuntos
constrangedores que dificilmente vem à tona. Mas, para quem apresenta o
distúrbio, o ideal é encará-lo de frente, pois na grande maioria dos casos é
possível resolvê-lo com medidas simples. “A higienização correta pode ser muito
eficiente porque em mais de 80% das ocorrências o problema se origina na boca,
e não no estômago”, afirma Hugo Roberto Lewgoy, mestre e doutor pela Faculdade
de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP), professor titular de
Clínica Integrada de Atenção Básica e Biomateriais da Uniban. Segundo o
especialista, é normal ter mau hálito durante algumas horas do dia, porém não
permanentemente. Quer dizer, tem que saber diferenciar a halitose fisiológica
da patológica. A primeira se caracteriza por aquele cheirinho desagradável que
quase todos os mortais apresentam quando acordam, relacionado ao metabolismo do
corpo humano: ocorre em decorrência de uma leve hipoglicemia noturna (redução
da taxa de açúcar) provocada pelo menor fluxo salivar durante o sono, aliada ao
aumento da flora bacteriana. Ampliar Conheça alguns mitos e verdades sobre o
mau hálito18 fotos 18 / 18 O mau hálito pode provocar muitos problemas
emocionais. VERDADE: a simples presença de mau hálito, apesar de não ter
grandes repercussões clínicas para o indivíduo, pode provocar prejuízos
emocionais. Os mais comumente relatados são insegurança ao se aproximar das
pessoas, depressão, dificuldade em estabelecer relações amorosas, esfriamento
do relacionamento entre o casal, resistência ao sorriso e à gargalhada,
ansiedade, baixo desempenho profissional e debilidade da autoestima. O dentista
Maurício Duarte conta que mais de 60% dos pacientes que buscam tratamento em
sua clínica têm alterações severas de comportamento, com prejuízos para a vida
social, profissional e afetiva. "Quanto mais tempo a pessoa sofre com o
mal sem encontrar uma solução definitiva, mais estes problemas se agravam. O ideal
é que o tratamento contemple a resolução da halitose em si e também a
segurança, para que se recupere espontaneidade e naturalidade ao falar,
autoconfiança e qualidade de vida" Leia mais Thinkstock Limpeza correta é
fundamental Tal desconforto, no entanto, tende a desaparecer após a primeira
refeição, seguida da limpeza dos dentes, das gengivas (com escovas interdental
e dental convencional) e da língua (realizada com raspadores ou higienizadores
linguais). “No caso patológico, é preciso procurar ajuda e recorrer a um
tratamento especializado”, alerta Flávio Luposeli, cirurgião dentista
especialista em estética do sorriso, pós-graduado pela Sociedade Paulista de
Ortodontia, com mestrado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
“Também é importante não fazer jejum prolongado”, completa Maurício Duarte da
Conceição, pós-graduado em halitose pela Faculdade de Odontologia São Leopoldo
Mandic, membro fundador e ex-presidente da Associação Brasileira de Halitose.
LEIA MAIS Thinkstock Cerca de 30% dos brasileiros têm mau hálito; veja como não
entrar nesta lista Quem avisa, amigo é A melhor forma de uma pessoa saber se
tem mau hálito é perguntando a alguém íntimo. Um parente próximo ou um amigo
verdadeiro podem ajudar, revelando o transtorno para quem o tem. “Mas é bom
procurar alguém sério e de confiança, que não dará conotação pejorativa à
pergunta”, aconselha Hugo Lewgoy. “Vale perguntar para um confidente em
diferentes horários ao longo do dia”, completa Maurício Duarte da Conceição.
Para aqueles que querem alertar, mas se sentem constrangidos, há uma
alternativa. Quando se entra no site da Associação Brasileira de Halitose, logo
uma caixa se abre perguntando: “Quer ajudar um amigo (a) que tem o hálito
alterado?”. O programa, chamado SOS Mau Hálito, pretende alertar as pessoas
sobre o distúrbio. você escolhe a forma de avisar ao amigo
– por carta ou e-mail –, mantendo seu nome em sigilo.
O mau hálito
pode provocar muitos problemas emocionais. VERDADE: a simples presença de mau
hálito, apesar de não ter grandes repercussões clínicas para o indivíduo, pode
provocar prejuízos emocionais. Os mais comumente relatados são insegurança ao
se aproximar das pessoas, depressão, dificuldade em estabelecer relações
amorosas, esfriamento do relacionamento entre o casal, resistência ao sorriso e
à gargalhada, ansiedade, baixo desempenho profissional e debilidade da
autoestima. O dentista Maurício Duarte conta que mais de 60% dos pacientes que
buscam tratamento em sua clínica têm alterações severas de comportamento, com
prejuízos para a vida social, profissional e afetiva. "Quanto mais tempo a
pessoa sofre com o mal sem encontrar uma solução definitiva, mais estes
problemas se agravam. O ideal é que o tratamento contemple a resolução da
halitose em si e também a segurança, para que se recupere espontaneidade e
naturalidade ao falar, autoconfiança e qualidade de vida.
Há
diferentes tipos de halitose. VERDADE: existe a halitose esporádica ou
fisiológica, que aparece em determinado momento do dia (geralmente logo após o
despertar); e a crônica ou patológica, que é persistente e pode incomodar
bastante. "Cerca de 85% das pessoas têm a primeira e apenas 15% a segunda.
Ambas podem ser tratadas: a eventual com medidas simples de higiene e, se for
preciso, orientação individualizada; e a constante com tratamento que mostrará
resultados entre três e seis semanas", explica o cirurgião-dentista Hugo
Roberto.
A pessoa
sofre com mau hálito porque não faz uma higiene adequada. VERDADE: na grande
maioria dos casos, o mau hálito tem origem na própria boca, principalmente na
região localizada entre os dentes (interdental) e também na língua, que é um
músculo revestido por papilas gustativas. Nestes locais, vão se acumulando
alimentos e restos de células que descamam do epitélio lingual. Resultado: há
proliferação de bactérias e fermentação de resíduos com odor desagradável.
"A halitose é quase sempre causada pela ação da flora bacteriana natural
sobre os itens que ingerimos. Há mais de 600 tipos de bactérias na cavidade
oral, muitas delas capazes de produzir gases com cheiro", salienta o
cirurgião-dentista Flávio Luposeli.
Problemas
nas gengivas detonam o cheiro ruim na boca. VERDADE: a prevenção de doenças
periodontais, como gengivite e periodontite, é uma das melhores formas de se
evitar o mau hálito. Para isso, insiste o dentista Hugo Lewgoy, deve-se usar
corretamente a escova interdental. "No espaço entre dois dentes, posicione
a escova de forma inclinada em direção à gengiva, junto ao chamado colo do dente.
E não é preciso fazer movimentos repetitivos de vai e vem, apenas inserir e
remover a peça sem uma escovação forçada. Tudo de forma delicada, com pressão
suave. O ideal é fazer isso diariamente. Nos espaços muito apertados, substitua
pelo fio dental.
O mau
hálito é proveniente do estômago. MITO: a halitose proveniente do estômago é
uma condição rara, embora a maioria das pessoas acredite ter halitose porque
sofre com gastrite. "O que ocorre é que os pacientes com gastrite têm uma
redução do fluxo salivar e, consequentemente, maior possibilidade de formação
da saburra lingual", explica Hugo Lewgoy, acrescentando que o mau hálito
de origem estomacal só é comum em episódios como vômito, regurgitação ou arroto.
Para não
ter mau hálito é preciso higienizar os dentes e a língua. VERDADE: a
higienização oral não se limita apenas ao hábito de escovar os dentes. "A
utilização de escovas interdentais e de raspadores plásticos para a língua são
imprescindíveis", insiste Hugo Lewgoy. Os limpadores linguais, por
exemplo, precisam ser utilizados diariamente para remoção da saburra: eles
podem ser duplos (com duas lâminas) ou simples (com uma lâmina), com a parte
ativa mais estreita ou mais larga, com ou sem ranhuras. "É bom frisar que
o movimento de limpeza deve seguir da região posterior para a anterior, sem
muita pressão para não causar ferimentos. Esta é a ação mais importante e
efetiva para combater o mau hálito e as diferenças poderão ser notadas logo
após as primeiras aplicações". Apesar de existirem várias causas para o
mau odor oral, cerca de 60, acredita-se que 90% dos casos são consequência de
restos alimentares "esquecidos" na boca, conforme revela Flávio
Luposeli. Para uma higienização mais profunda, a única forma de remover a placa
bacteriana e o acúmulo de tártaro é com raspagem e polimento realizado por
profissional especializado.
Jejum
prolongado altera o hálito. VERDADE: ficar muito tempo sem comer provoca um
mecanismo semelhante ao gerado no período de sono. "O corpo precisa produzir
energia constantemente e, em períodos de jejum, há pouca glicose disponível
como combustível. O organismo passa, então, a queimar gorduras, o que leva à
produção de corpos cetônicos, substâncias com odor forte que são eliminadas
pelos pulmões", explica Flávio Luposeli. "A privação de comida também
aumenta a formação da saburra lingual porque, durante a alimentação, o ato de
deglutição e a própria passagem de resíduos pela língua auxiliam na remoção
mecânica dessa placa bacteriana", diz Hugo Lewgoy.
Enxaguatório
bucal é bom para combater o cheiro ruim na boca. PARCIALMENTE VERDADE: a
maioria dos produtos existentes no mercado não tem um efeito positivo sobre o
transtorno. "E se o enxaguatório tiver álcool em sua formulação, agravará
o problema devido ao ressecamento que provoca, aumentando a descamação celular,
diminuindo o fluxo salivar e favorecendo a formação da saburra lingual",
adverte Maurício Duarte da Conceição. Entretanto, dependendo da formulação do
produto, é possível que tenha propriedades para combater o mau hálito. Mas o
uso deve ser bem restrito, e preferencialmente prescrito por um dentista, pois
só funcionará em casos específicos.
O mau
hálito é um problema sem cura. MITO: o distúrbio tem tratamento em
aproximadamente 100% dos casos. "Porém, é essencial entender que, para não
ter mais halitose, o indivíduo terá que adotar novos hábitos de higiene, de
alimentação e de vida, para sempre", alega Maurício Duarte. O
acompanhamento e a orientação de um cirurgião-dentista especializado não devem
ser dispensados. "Em casos mais graves, atingir a cura pode demorar um
pouco, porém, sempre existe a possibilidade de controle do problema durante a
fase de tratamento. Desde que diagnosticado e cuidado corretamente, ele será
totalmente eliminado", garante Hugo Lewgoy.
Balas e
chicletes disfarçam o distúrbio. MITO: eles mascaram o mau hálito por períodos
muito curtos e algumas vezes até agravam o problema. "Por exemplo,
produtos que contenham açúcares acabam servindo como fonte de energia para os
micro-organismos responsáveis pela halitose", salienta Hugo Lewgoy. A
automedicação e o emprego de fórmulas caseiras também devem ser evitados.
Quem
trata a disfunção é o dentista. VERDADE: o diagnóstico deve ser realizado pelo
cirurgião-dentista por meio da história clínica do paciente com a aplicação de
uma anamnese detalhada, questionário de perguntas, avaliação de sintomas. A
investigação inicial inclui o exame detalhado da boca, da língua e da parte
dental, em busca de sinais de higienização precária, gengivites e periodontite,
além da saburra lingual. Os métodos para o diagnóstico são modernos, com
aparelhos que medem desde o fluxo salivar e o hálito até a quantidade de
compostos sulfurados voláteis (CSV) na boca. "Em alguns casos, pode ser necessária
a intervenção de outros médicos, como otorrinolaringologista, fonoaudiólogo,
psiquiatra e psicólogo", diz Maurício Duarte da Conceição.
Estresse
causa o distúrbio. VERDADE: o nervosismo é um dos principais responsáveis pela
halitose, pois o fator emocional pode ter relação direta com a diminuição ou
até interrupção do fluxo salivar. "A falta de salivação e a boca seca
(xerostomia) aumentam a descamação das mucosas, diminuem a autolimpeza da boca
e favorecem a halitose pela maior liberação dos compostos sulfurados
voláteis", destaca o cirurgião-dentista Hugo Lewgoy. "A atividade das
glândulas salivares depende, entre outros fatores, do equilíbrio do sistema
nervoso central", completa o dentista Flávio Luposeli, acrescentando que
pessoas estressadas em geral têm alimentação desbalanceada e intervalos muito
longos entre as refeições, agravando o quadro. "É possível que tais
indivíduos sofram, ainda, do que chamamos de antiperistaltismo esofágico: parte
da saliva engolida volta para a parte de trás da língua e ali permanece
grudada, facilitando a aderência de células mortas e restos alimentares.
Há pastas
de dente que resolvem o problema. MITO: elas são apenas coadjuvantes na higiene
da boca e, da mesma forma que os antissépticos, oferecem uma sensação
momentânea de hálito fresco e agradável. Porém, tal efeito se perde em um curto
espaço de tempo.
Se eu
sinto gosto ruim na boca, é porque estou com mau hálito. MITO: "Na
halitose patológica, normalmente o portador não percebe o problema porque as
células olfatórias se adaptam ao odor por tolerância. Quer dizer, em pouco
tempo o paciente se acostuma ao próprio mau hálito e não consegue reconhecê-lo
sozinho", assegura Hugo Lewgoy, enfatizando que é fundamental procurar um
profissional de confiança e falar abertamente sobre a questão.
A
alimentação interfere no odor da boca. VERDADE: o mau hálito pode ocorrer de
forma transitória com a ingestão de carnes muito gordurosas, frituras, repolho,
brócolis, couve-flor, alho, cebola e pimentas. "No caso do alho, um dos
gases produzidos pela digestão é absorvido pela circulação sanguínea, sendo
eliminado pelos pulmões. Por isso, após a ingestão, o hálito ruim permanece por
horas mesmo após a escovação", explica Flávio Luposeli. "É
recomendável dar preferência ao leite desnatado e ao queijo branco ou ricota,
evitando-se bebidas alcoólicas e fumo durante o tratamento. E, ainda, ingerir
água e carboidratos", completa o dentista Hugo Lewgoy. Refeições ricas em
cenoura, maçã e outros itens fibrosos auxiliam na autolimpeza dos dentes e da
linha das gengivas.
A melhor
forma de saber se tenho hálito ruim é perguntando a alguém próximo. VERDADE: um
parente próximo ou um amigo verdadeiro podem ajudar, revelando o transtorno
para quem o tem. "Mas é bom procurar um profissional sério e de confiança,
que não dará conotação pejorativa à consulta", aconselha o dentista Hugo
Lewgoy. "Vale perguntar para um confidente em diferentes horários ao longo
do dia", completa Maurício Duarte da Conceição.
A falta
de saliva na boca é um dos fatores que provocam o problema. VERDADE: a
diminuição ou parada total da salivação está diretamente relacionada à
existência de halitose. "Nestes casos, será necessário algum tratamento
que restabeleça o fluxo salivar e/ou utilização de substâncias lubrificantes
que se comportam como uma saliva artificial", diz o cirurgião-dentista
Hugo Lewgoy. "O ressecamento bucal pode ser detonado por inúmeros fatores
como ronco, respiração bucal, obstrução nasal e estresse excessivo e contínuo.
E, ainda, como efeito colateral de remédios do tipo ansiolíticos,
antidepressivos, moderadores de apetite, calmantes, anti-hipertensivos e
antialérgicos", complementa Flávio Luposeli.
Há
pessoas que sofrem de halitofobia: medo extremo de sofrer de mau hálito.
VERDADE: o curioso em relação ao mau hálito é que os portadores não conseguem
perceber o odor desagradável que exalam, observa o cirurgião-dentista Hugo
Lewgoy. São os outros que notam e ficam constrangidos em avisar ou, em alguns
casos, acabam dando alguma conotação pejorativa ao fato. "A falta de
cuidado com a higiene oral na idade escolar, aliada ao emprego de apelidos
relacionados ao mau hálito, também detonam esta condição de halitofobia".
Também pode ocorrer a halitose psicogênica, ou seja, aquela em que o indivíduo
acha que tem a disfunção, mas, na realidade, não a apresenta. Em ambos os
casos, o acompanhamento psicológico é fundamental.
O mau
hálito pode provocar muitos problemas emocionais. VERDADE: a simples presença
de mau hálito, apesar de não ter grandes repercussões clínicas para o
indivíduo, pode provocar prejuízos emocionais. Os mais comumente relatados são
insegurança ao se aproximar das pessoas, depressão, dificuldade em estabelecer
relações amorosas, esfriamento do relacionamento entre o casal, resistência ao
sorriso e à gargalhada, ansiedade, baixo desempenho profissional e debilidade
da autoestima. O dentista Maurício Duarte conta que mais de 60% dos pacientes
que buscam tratamento em sua clínica têm alterações severas de comportamento,
com prejuízos para a vida social, profissional e afetiva. "Quanto mais
tempo a pessoa sofre com o mal sem encontrar uma solução definitiva, mais estes
problemas se agravam. O ideal é que o tratamento contemple a resolução da
halitose em si e também a segurança, para que se recupere espontaneidade e
naturalidade ao falar, autoconfiança e qualidade de vida.
Fonte Internet noticias.bol.uol.com.br/ciencia/2013/02/18/causas-do-mau-halito.
Fonte Internet noticias.bol.uol.com.br/ciencia/2013/02/18/causas-do-mau-halito.
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