Até ontem, ele era apenas um colega de trabalho. Mas
bastou receber uma pequena promoção para que o poder lhe subisse à cabeça.
Mesmo não sendo seu chefe, ele passa a lhe pedir tarefas que não são de sua
obrigação, começa a te tratar com arrogância e não perde uma oportunidade de
vangloriar-se de seu novo status. Esse comportamento é conhecido como a
"síndrome do pequeno poder". "Isso acontece com alguém que perde
a razão e passa a agir como um imperador, ultrapassando os limites da
autoridade", diz a professora Janaina Ferreira, especialista em gestão de
equipes e pessoas do Ibmec do Rio de Janeiro. E esse poder nem sempre é real. É
o caso do funcionário que está no cargo hierárquico mais baixo da empresa, mas
abusa de estagiários ou colegas recém-contratados. "É um desvio de
comportamento. A pessoa não tem poder nenhum, mas ao fantasiar ter, age como se
tivesse e acaba puxando o próprio tapete, pois mostra que é inadequada para
ocupar um cargo de liderança", diz Janaina. Ver em tamanho maior
Profissionais de RH de grandes empresas dizem o que fazer para ser promovido em
2013 "É muito importante ser positivo e aberto a desafios e
mudanças, ainda que sejam difíceis. Adaptabilidade é uma competência
fundamental para qualquer profissional. Fazer mais do que lhe foi solicitado,
envolver-se em projetos e tarefas com outras áreas da empresa, agir como se já
estivesse em um cargo superior e investir por conta própria na sua qualificação
são indicativos de que a pessoa tem potencial e já está preparada para subir um
degrau na carreira. É comum ver pessoas no nível técnico ou analistas liderarem
projetos e apresentarem sugestões de melhorias. São profissionais que
influenciam positivamente seus pares, promovem um bom clima de trabalho e
certamente serão fortes candidatos a uma promoção", Maria Fernanda Ortega,
diretora de Gente e Gestão do Peixe Urbano. Por Andrezza Czech, do UOL, em São
Paulo Arquivo pessoal Quando a síndrome do pequeno poder toma conta de alguns
funcionários, é sinal de que falta um chefe que encare o problema. "O
líder que não gosta de tomar decisões ou de delegar tarefas adora que alguém
assuma suas funções. Quando ele se omite, aquele que gosta de poder assume suas
atribuições e um terceiro fica oprimido", afirma Janaina. "Isso causa
conflitos e deteriora relacionamentos interpessoais", diz. Quem sofre da
síndrome O tipo de funcionário que está sujeito a sofrer da síndrome do pequeno
poder é aquele com baixa inteligência emocional, pouco autoconhecimento e que
está insatisfeito com a posição que ocupa. "Se o que ele deseja não lhe é
concedido por meio de uma promoção, ele faz sua fantasia de autoridade virar
real ao oprimir alguém", explica Janaina. Segundo a professora Renata
Maglioca, do Progep (Programa de Estudos em Gestão de Pessoas) da FIA (Fundação
Instituto da Administração), há pessoas que têm como grande propósito
profissional ter status e usar o trabalho como forma de vivenciar o poder.
"Por ter tanta ânsia por comandar, quando consegue, não sabe fazê-lo de
maneira madura e segura", diz Renata. A exposição e as cobranças que vêm
junto com a autoridade podem perturbar o recém-promovido, que tenta camuflar o
problema fazendo com que os outros também se sintam inseguros. A prepotência
também pode ser consequência da influência de referências ultrapassadas sobre
hierarquia: aquela em que o chefe é a pessoa que não pode ser questionada e
sempre tem razão. "Hoje, o mercado de trabalho não espera esse tipo de
liderança", afirma Renata. Como lidar com colega assim? Se o colega lhe
pede para fazer determinada tarefa, vale ser cooperativo e ajudá-lo. Mas se a
situação se repete com frequência e ele age com arrogância ao pedir auxílio, é
preciso saber dizer que você não pode ajudá-lo em alguns momentos –mesmo que
esteja com tempo sobrando. "Se ele não é seu chefe, não determina quando
você deve fazer algo ou não", afirma Janaina. "Só existe um opressor
se o oprimido permitir. Você não pode acatar ordens descabidas. Gentilezas
todos fazemos, mas há limites", diz ela. A princípio, Renata, do Progep,
acredita que é necessário mostrar para o colega autoritário que você está do
lado dele, sem se afastar. Se nada mudar, proponha uma conversa franca. Se
ainda assim a questão não for resolvida, leve o problema ao superior ou RH.
"Tem gente que diminui a autoestima do outro para poder crescer. E não dá
para ficar passivo se a situação te incomoda ou é destrutiva para a
equipe", diz ela. Você sofre da síndrome? Como são raras as empresas que
preparam o funcionário para a promoção, ninguém está livre de ser acometido
pela síndrome do pequeno poder. Para administrar bem uma posição de liderança,
os especialistas recomendam buscar cursos de gestão. Para Renata, a primeira
coisa que se deve fazer ao conquistar um cargo mais alto é ter consciência de
que há um risco de mais cobranças e que é normal sentir insegurança. "Se
você tem essa clareza, terá tranquilidade de dizer ao outro que precisa de
ajuda. Você não precisa saber tudo e deve reconhecer isso", afirma. Para a
psicóloga Ana Cristina Limongi-França, professora do departamento de
administração da FEA-USP, diretora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gestão
da Qualidade de Vida no Trabalho e coordenadora da FIA, entender a cultura da
empresa, saber interagir com seus subordinados e ter diálogo com um chefe, para
pedir orientações, são medidas fundamentais.
Fonte Internet noticias.bol.uol.com.br/entretenimento/2013/02/05/sindrome-do-pequeno-poder-
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