São
Paulo Uma pesquisa divulgada recentemente pela consultoria de investimentos
Skandia International mostrou que 93% dos brasileiros acreditam que dinheiro
compra felicidade. E mais: uma renda anual de R$ 302 mil, ou cerca de R$ 25 mil
por mês, seria o "preço" para todos se sentirem felizes. Leia mais
Felicidade do brasileiro "custa" R$ 320 mil por ano Nobel de economia
mostra que se deve paquerar mesmo com pouca chance Medo da perda causa apego
irracional a coisas e namorados, diz economista A relação direta entre dinheiro
e felicidade, porém, é contestada por outros estudos internacionais e por
especialistas que estudam a economia comportamental. Para eles, a comparação
com o vizinho é determinante nessa relação. Ou seja: o dinheiro só traz
felicidade se a pessoa ganhar mais do que o vizinho ou colega de trabalho, por
exemplo. Um estudo feito pelos professores americanos Rafael Di Tella e Robert
MacCulloch e publicado no "Journal of Economic Perspectives" mostrou,
por exemplo, que o nível de felicidade da população americana permaneceu
estável entre 1975 e 1997. Isso apesar de a renda per capita da população
americana ter crescido expressivamente nesse período. O mesmo resultado foi
observado em outros países em que foram feitas pesquisas semelhantes, como
França, Reino Unido, Alemanha e Japão. "Se uma pessoa vive na linha da
pobreza e a renda aumenta, o nível de felicidade também aumenta, porque ela
saiu de um estado de necessidade e sofrimento. Depois, a mudança não é tão
grande assim", diz o economista e professor Samy Dana, que escreveu um
artigo sobre o assunto com Bruno Sindic, graduando da FGV. A consultora de
educação financeira e psicanalista Márcia Tolotti concorda. "Pessoas que
têm renda menor e não têm acesso a determinadas coisas fazem mais essa relação
entre dinheiro e felicidade", diz. O fato de um consumidor passar a ter a
oportunidade de comprar produtos aos quais não tinha acesso e de pedir crédito
no banco também gera esse tipo de sentimento. "A sensação de pertencimento
é traduzida como felicidade por muitas pessoas." Nível de felicidade varia
de acordo com a referência Mas a felicidade gerada por questões financeiras,
diz o professor Samy Dana, também varia de acordo com a referência.
Para ele, uma pessoa fica feliz se sua renda melhora em relação a
outras pessoas. Se a renda de todos aumenta, ou pior, se a renda dos
outros aumenta mais do que a daquela pessoa, o efeito não é o mesmo.
Ele cita o exemplo de uma empresa que paga R$ 1.000 para todos os seus
funcionários. "Se um funcionário receber um aumento e passar a receber
R$ 3.000, mas todos os outros passarem a ganhar R$ 3.100, por exemplo,
aquele que teve o aumento menor ficará infeliz, apesar também ter tido
um aumento", diz.
Márcia Tolotti afirma que, independentemente do patrimônio de uma
pessoa, a comparação de fato sempre vai influenciar suas emoções. É por
isso que os consumidores do mercado de luxo, por exemplo, pagam fortunas
por produtos exclusivos, a que poucas pessoas têm acesso.
"A pessoa vê um valor muito intenso no olhar do outro sobre ela, e
também passa a se dar mais valor. Ela se sente alguém melhor pelo fato
de ter um carro melhor do que o do vizinho."
Fonte Interneet Aiana Freitas Do UOL, em São
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