Há
algumas pessoas que parecem estar permanentemente andando na corda bamba, tal a
insegurança que permeia seus passos no dia a dia. O ruim é que, muitas vezes,
tal sentimento não só gera um desconforto diário como atrasa, inviabiliza ou
impede muitas realizações. Então, se você já se sentiu assim, ‘prejudicado’ por
sua falta de confiança, está na hora de pensar sobre o assunto para mudar. E
adivinha por onde começar? Sim, pelo início de tudo, os primeiros anos de vida.
“A capacidade do indivíduo de acreditar ou não em si mesmo depende de sua
história. Os relacionamentos na infância com os pais ou cuidadores são
fundamentais no desenvolvimento do self – o eu, a autoimagem”, explica Cristina
Moraes Pertusi, doutora em Psicologia do Desenvolvimento Humano pela
Universidade de São Paulo (USP), que atua em psicoterapia de família e casal,
aconselhamento de carreira e coaching. Pergunta básica: eu gosto de mim? A
construção de uma autoimagem positiva depende, então, da maneira como
experimentamos nossas relações afetivas e, também, de fatores sociais e
relacionais que o meio externo propicia para a qualidade dessas vivências. “A
maior ou menor insegurança tem a ver com o autoconceito: o que a pessoa acha
que é, seja consciente ou inconscientemente. Isso envolve características
físicas e psicológicas, pontos positivos e negativos, autoestima. Em resumo, a
percepção de seu próprio valor”, diz a psicóloga. A insegurança traz, a
reboque, uma série de situações e sentimentos negativos. O sujeito, por
exemplo, paralisa quando tem que tomar uma decisão, encontra dificuldade de
saber qual o melhor caminho a seguir, acredita que está sempre sendo julgado e
criticado. “Enfim, não há confiança em si mesmo e, a partir daí, surgem vários
‘medos’: alguns específicos, como o de dirigir, e outros gerais, como o de
enfrentar opiniões contrárias a sua”, salienta Leonard F. Verea, médico
psiquiatra formado pela Faculdade de Medicina e Cirurgia de Milão (Itália),
especializado em Medicina Psicossomática e Hipnose Dinâmica. Autossabotagem É
possível, também, que a insegurança leve o indivíduo a não se considerar
merecedor de ser feliz ou alcançar seus objetivos e sonhos. “Ele acaba
desenvolvendo crenças e valores que limitam seu olhar sobre si mesmo e a vida.
Daí para se autossabotar, ou seja, criar situações que bloqueiam sua
felicidade, é um pulo”, diz o psiquiatra. Além da influência dos primeiros anos
de vida – conceitos que lhe foram transmitidos verbalmente ou por atitudes –, o
quadro é agravado pelas condições da sociedade moderna. “Há muita competição e
exigência de que cada um seja perfeito em todas as áreas da vida. Como se isso
fosse possível, e fazendo com que sejamos cobrados além de nossa capacidade.” A
falta de autoconfiança é, no mínimo, limitante. O inseguro perde a oportunidade
de conhecer e experimentar o novo – seja uma pessoa, um lugar, um desafio. Por
não valorizar seu potencial e não identificar suas habilidades, ele se fecha em
si mesmo. “Nessa, deixa passar possíveis parceiros interessantes, não enxerga
uma boa chance de emprego, não se lança em estudos e viagens, não investe em
projetos pessoais e profissionais – e assim por diante”, considera Leonard
Verea, acrescentando que tudo isso faz com que a pessoa se sinta infeliz, não
fazendo o que gosta e não buscando prazeres. Aprovação alheia Há outro aspecto
que ronda a insegurança: a dependência excessiva de pessoas e situações. “A
opinião alheia influencia e direciona as ações. Existe uma real dificuldade de
construir a vida com independência afetiva e até financeira. Dessa forma, fica
travado o crescimento psicológico e social”, destaca Cristiane Moraes Pertusi.
E tem outro lado: como não confia em si mesmo, alguns inseguros também não
acreditam no outro. “E, aí, se tornam perfeccionistas ou controladores, pois
esta é a única forma de se sentirem mais seguros.” A boa notícia é que tal
sentimento é passível de modificação. Uma criança insegura pode se tornar um
adulto seguro. “O caminho é se valorizar mais, acreditar no seu potencial, ir
atrás do autoconhecimento”, recomenda Verea. “Como o desenvolvimento
psicológico e social é contínuo durante a vida, dá para melhorar o autoconceito
e a autoestima. As relações experimentadas são como o oxigênio ou o ar que
respiramos: se ele for bom e puro, construiremos nosso self positivo; se for
poluído, trará distorções e prejuízos”, completa Pertusi. Veja, a seguir, dicas
de ambos os terapeutas para ter mais segurança:
Dicas para se tornar uma pessoa
mais segura Cultive o pensamento positivo. “Avalie os bons aspectos da sua
vida, valorizando-os. Ao mesmo tempo, considere o que você poderia aprimorar ou
modificar para se fortalecer em todos os sentidos”, aconselha Cristiane Moraes
Pertusi Confie em si mesmo. Isso, claro, requer autorreflexão e
autoconhecimento. “Caso esteja se sentindo vacilante em seus relacionamentos e
sua carreira, busque auxílio de um psicoterapeuta ou coaching” Corra atrás do
autoconhecimento, recomenda Leonard Verea. “Observe quais sentimentos e
pensamentos o levam à insegurança. E, ao descobrir, tente se lembrar quando foi
a primeira vez que se viu assim. Talvez você perceba que é possível olhar para
o fato de forma diferente” Não tenha medo de mudanças. E vá além: analise se
alguma área está precisando de uma virada radical. Em caso positivo, liste
ações que ajudarão a melhorar seu desempenho Faça uma lista de suas qualidades
e seus pontos fortes. “Trata-se de um ótimo exercício para encher o copo da
autoestima”, avalia Pertusi. Pense no que o faz ser único e especial, escreva
e, se possível, fixe em um lugar visível para conferir sempre. “Identifique
suas habilidades e as coloque em prática”, completa Verea Converse com pessoas
que são importantes para você. Peça um feedback de seus pontos fortes. “Só
depois solicite que falem dos aspectos que precisaria desenvolver”, diz a
psicóloga Invista em relações afetivas positivas – amorosas ou de amizade –,
que lhe façam bem e onde você é admirado Valorize sua opinião frente a fatos e
situações Seja paciente e flexível consigo próprio e pare de se criticar por
qualquer coisa. Não exija tanto de você, e tenha tolerância e positividade em
relação a seus pensamentos, não se martirizando à toa. “Não se menospreze ou se
rebaixe. Em vez disso, modifique o que acredita não ser legal em você”, sugere
Leonard Verea Não se leve tão a sério. “Você pode aprender com seus erros e
reformular suas atitudes sempre que necessário”, salienta Pertusi Se
necessário, procure apoio com psicoterapia e aconselhamento psicológico
Fonte internet http://noticias.bol.uol.com.br/ciencia/2012/12/01/inseguranca
Fonte internet http://noticias.bol.uol.com.br/ciencia/2012/12/01/inseguranca
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