Já se sabe, há muito, que distrações ao volante são causas de acidentes,
algumas vezes fatais. As estatísticas no Brasil, pouco confiáveis, não chegam a
captar corretamente esse problema. Mas, no exterior, em especial nos Estados
Unidos, os estudos se aprofundam. A Administração Nacional de Segurança de
Tráfego em Rodovias (NHTSA, em inglês) informou que mais de 900 mil colisões
envolvendo distração dos motoristas foram reportadas pelos policiais em 2011.
Destas, 26 mil ocorreram em razão de ajuste em dispositivos portáteis ou
controles nos veículos. Mais de 5 mil pessoas morreram por falta de atenção, em
torno de 15% das fatalidades totais. CRASH TEST DUVIDOSO Lambanças como as do
Latin NCAP acontecem até nos EUA. Instituto das Seguradoras para Segurança
Rodoviária (IIHS, em inglês) resolveu "inventar" um teste de choque
contra barreira com apenas 25% da parte frontal. As forças geradas são enormes
e não previstas em regulamentações. Maioria dos carros, claro, teve notas
baixas: apenas duas ou três estrelas. Distrações têm várias origens e causas:
cansaço, sonolência, conversa com ocupantes, estresse, doenças, idade, entre
outras. Mais recentemente, o uso de equipamentos instalados a bordo ou
embarcados -- celulares, tabletes, tocadores de áudio e vídeo, navegadores, telefones
inteligentes (e sua frenética troca de textos) -- passaram a ser fontes de
preocupação. No passado, motoristas se limitavam a mudar estação de rádio ou
faixa musical, ajustar temperatura do ar-condicionado, ligar faróis ou
limpadores. Agora, a corrida tecnológica envolve produtores de automóveis e
compradores, principalmente os jovens, e exige conectividade total. Aperfeiçoar
a interface homem-máquina pode ser uma saída para gerenciar esses riscos ao
unir segurança e conveniência. A tendência é programar os dispositivos para
utilização em condições favoráveis, como baixas velocidades no trânsito e
paradas em semáforos ou congestionamentos. Condições meteorológicas,
visibilidade (à noite, em particular) e até traçado do percurso (via GPS)
levariam a restrições voluntárias, adotadas pelos próprios fabricantes.
Pesquisas apontam outras soluções, além das tradicionais teclas no volante:
ativação direta por voz em vários idiomas, botões que indiquem sensação tátil
para não deixar o motorista em dúvida e tela de toque com sensibilidade
adequada e fácil entendimento. A empresa Seeing Machines propõe tecnologia de
reconhecimento do rosto ou de movimentos dos olhos. Sua câmera avisa ao
motorista quando ele não está suficientemente atento ao dirigir e pode ativar
alarmes luminosos e sonoros ou restringir a conectividade. DOIS SEGUNDOS, E SÓ
O tempo para dar uma espiada no painel ou no sistema de áudio não deve passar
de dois segundos. Mudar o tipo e o tamanho da fonte das letras permite ganho de
11% na leitura. Essa pequena diferença, em velocidade típica de rodovias,
abrevia em cerca de 20 metros a distância percorrida em que o motorista deixou
de fixar o olhar no caminho à frente. Os produtores de celulares ajudariam se
mudassem a tipologia de mensagens e comandos, pois alguns modelos de carros de
maior preço permitem replicá-los na tela multimídia do veículo. Outra forma,
mais difundida, é aperfeiçoar sistemas de conversão de texto para voz e
vice-versa. Para os viciados em troca de mensagens e torpedos seria uma ajuda
ao reduzir possibilidades de distração. Embora a NHTSA não tenha chegado ao
ponto de se preocupar com a tipologia nas telas, incentiva qualquer inovação
que permita diminuir o intervalo de tempo em que os motoristas tiram os olhos
da estrada. Siga o colunista: www.twitter.com/fernandocalmon
Fonte Internet noticias.bol.uol.com.br/entretenimento/2013/01/01/distracao-ao-volante-
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